Drogas para aumento de desempenho: será que vale a pena?
- Em Ciência Por: Paulo Jubilut
- 25 de out. de 2016
- 3 min de leitura
Seja para garantir mais força e resistência ou mesmo para diminuir o peso nas competições, diversos atletas arriscam suas vidas e carreiras fazendo uso de drogas de aumento de desempenho
Em ano de Olimpíadas, um assunto polêmico sempre vem à tona: o uso de drogas para aumento de desempenho – o famoso doping. Seja para garantir mais força e resistência ou mesmo para diminuir o peso nas competições, diversos atletas arriscam suas vidas e carreiras fazendo uso dessas drogas. E não são apenas atletas profissionais que fazem uso destas substâncias, até mesmo esportistas recreativos utilizam aditivos em seus treinos sem ponderar os riscos aos quais estão expostos. Mas será que vale a pena? Primeiramente temos que saber que drogas são essas e como elas atuam em nosso organismo.
Que drogas são essas e quais os riscos que elas oferecem?
A lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping é grande e ultrapassa 300. Fazem parte dessa lista drogas que preenchem ao menos dois dos seguintes critérios: melhoram o desempenho esportivo, representam risco para a saúde do atleta ou violam o espírito esportivo. Estas drogas são divididas em diferentes classes farmacológicas. Confira abaixo algumas das principais:

1) Estimulantes Como o nome sugere, drogas estimulantes são aquelas que estimulam a atividade do Sistema Nervoso Central – de onde partem ordens destinadas aos músculos e glândulas. Um exemplo deste tipo de substância são as anfetaminas. Para atletas, o uso desta substância pode proporcionar perda de peso, diminuição da sensação de fadiga e melhor desempenho – muito além dos seus limites –, já que a percepção do calor, dor, esforço e rendimento é prejudicada. Entretanto, seu uso pode resultar em doenças cardiovasculares, paranoia, alucinações, entre outros efeitos.
2) Analgésicos Narcóticos Também chamados de analgésicos opioides, estas drogas são usadas por atletas com o objetivo de continuar competindo em casos de lesões devido ao seu efeito analgésico. São exemplos deste tipo de droga a Diamorfina (Heroína) e a Metadona. Estas substâncias podem causar dependência e diversos efeitos colaterais, como depressão, fadiga, perda de peso, convulsões, alucinações e disfunção sexual.
3) Anabolizantes Os anabolizantes, ou esteroides androgênicos anabólicos, são provavelmente uma das drogas mais usadas por atletas amadores e profissionais. Eles são derivados sintéticos do hormônio masculino testosterona. Os principais motivos para seu uso são a melhora do condicionamento físico e da estética corporal e também o aumento da massa muscular. Os efeitos negativos destas substâncias podem incluir complicações renais, hepáticas, cardíacas e neurológicas, além de alterações na função sexual, agressividade e transtornos emocionais. Em mulheres, características masculinas podem ser acentuadas, como engrossamento de voz e surgimento de pelos.
4) Hormônios Entre os hormônios que são utilizados por atletas, merecem destaque os hormônios peptídicos, como a eritropoietina (EPO) e o hormônio do crescimento humano (hGH) – ambos já produzidos naturalmente pelo nosso organismo. O hGH, hormônio que regula o crescimento do organismo como um todo, é utilizado pelos esportistas com o objetivo de aumentar sua massa muscular e melhorar o desempenho esportivo. Seus principais riscos são o desenvolvimento de diabetes e hipertensão arterial. Já a EPO faz com que a produção de glóbulos vermelhos no sangue seja aumentada e, consequentemente, a circulação sanguínea também. Desta forma, uma maior quantidade de oxigênio é levada para o corpo e os músculos ganham mais potência e velocidade de recuperação. Porém, seu uso excessivo pode resultar em trombose.
5) Diuréticos Por fim, os diuréticos são usados pelos atletas principalmente a fim de mascarar o uso de outras drogas, como esteroides, já que eles aumentam a produção de urina, dificultando a detecção de diversas substâncias. Halterofilistas e lutadores, por exemplo, fazem uso de diuréticos para eliminar grandes quantidades de líquido e, consequentemente, perder peso, qualificando-os para competirem em categorias de peso inferior. Os efeitos colaterais dessas substâncias são desidratação, sobrecarga renal, insônia, perda de apetite, tonturas e queda de pressão.
Bem, já deu pra perceber que fazer uso de drogas para aumento de desempenho pode ter diversos efeitos negativos, né? Isso por si só já responde se vale a pena fazer uso dessas substâncias sem que seja por prescrição médica – no caso daquelas que são permitidas nestas condições. Além disso, com relação a atletas olímpicos, vale lembrar que o uso desse tipo de droga vai totalmente na contramão do espírito olímpico, pois é prejudicial não apenas para saúde de cada atleta, mas também para sua carreira e de seus colegas – já que em alguns casos toda equipe é punida.
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